sexta-feira, 15 de abril de 2011

Amália Rodrigues


foto: Jorge Jacinto / TV Guia (1985)

O álbum "O Melhor de Amália" agarrou-se como uma lapa ao nº 1 do top e para o natal desse ano ainda fizemos um segundo duplo, "Volume II", e voltámos a fazer anúncios na TV. Em menos de dois anos, o primeiro "O Melhor de Amália" ganhou 6 discos de platina, o "Volume II" outros 3, e mais tarde as reedições em CD trouxeram mais uma remessa de Platinas. Acho que nenhuma outra edição terá facturado tanto em Portugal.

David Ferreira, Setembro de 2009

Sempre acreditámos que o grande público podia gostar de Fado e transformar grandes discos em grandes sucessos comerciais.

Em 1985, editámos “O Melhor de Amália” que viria a ser o maior sucesso da edição discográfica nacional, excedendo hoje as 600.000 unidades vendidas.

Em 1994, sob uma encomenda da organização da “Lisboa, Capital Europeia da Cultura” reunimos os fadistas mais diversos em “Biografia do Fado”, que vendeu até hoje mais de 120.000 álbuns duplos e se constitui como a compilação de Fado mais vendida em Portugal.

Press-release caixa Biografias do Fado, 2010

Publicados com seis meses de intervalo em 1985, os LPs originais foram as primeiras grandes recolhas abrangentes dos êxitos que Amália fez seus durante a sua longa carreira. O volume 1 atingiu o 1º lugar do top e vendeu para cima de 100 mil exemplares; o volume 2 chegou a nº 2 e ultrapassou as 50 mil cópias. E o sucesso foi repetido quando as duas colecções de sucessos viram reedição em CD, em alinhamentos redesenhados para levar em conta o novo modo de ouvir discos que o CD trouxe. 


Press-release reedição o Melhor de Amália, 2007

Termina amanhã, em Cannes, o IV MIDEM, Mercado Internacional do Disco e Edições Musicais, muito justamente considerado o mais importante meeting de industriais e comerciantes da musica gravada. Uma espécie de Convenção de Ofir mas em grande, em estrangeiro.

A atribuição dos troféus MIDEM baseia-se, não na qualidade, mas nos números de vendas, controlados em cada país participante por organismos como a nossa Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses. O artista que em cada país mais discos vendeu durante o ano recebe o troféu referente a esse país.

Recorde-se que, por exemplo, em 1968 (MIDEM 2) foram distinguidos, para além dos prémios especiais atribuidos aos Beatles e a Petula Clarck, os Rolling Stones (Inglaterra), Roberto Carlos (Brasil), Karel Gott (Checoslováquia), Udo Jurgens (Áustria), Salvatore Adamo (França e Bélgica), Amália Rodrigues (Portugal), etc.

No ano seguinte (1969), III MIDEM e troféus para Patty Pravo (Itália), Mireille Mathieu (França), Mouslin Magomayev (U.R.S.S.), etc., e Amália Rodrigues (Portugal), que aliás já recebera o troféu correspondente ao MIDEM I (1967).

Como Amália Rodrigues, que nos representou nas edições anteriores, está a filmar em Itália, este ano abstivemo-nos de participar. Amália é ainda o unico produto nacional julgado com qualidade para cantar lá fora e considerado conveniente para falar lá fora. Sim porque há que ter em conta o que se diz, com musica ou sem ela.

Diário de Lisboa, 24/01/1970

Os discos de ouro e platina conquistados por Amália Rodrigues são mostrados ao público, pela primeira vez, na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), em Lisboa. Inaugurada ontem, a exposição Amália Sempre, inserida nas comemorações do 80.º aniversário da SPA, "procura mostrar uma das facetas menos conhecidas da fadista, a de poetisa", disse à agência Lusa José Jorge Letria, da SPA.

Diário de Notícias, 09/08/2005

Dados cronológicos

1967 - Amália recebe o Prémio MIDEM [vendas entre Junho de 1965 e Junho de 1966], em Cannes, das mãos de Anthony Quinn, para o artista português com mais discos vendidos. Receberá de novo o prémio em 1968 e 1969.

1968 - É lançado o single "Vou Dar de Beber à Dor". O fado que muitos conhecem como "A Casa da Mariquinhas" foi um dos maiores êxitos de Amália vendendo para cima de 100 mil exemplares. Em 1973 recebeu o Disco de Ouro:

http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/amalia_coracaoindependente/autor5_18.php

«DISCO DE OURO» PARA AMÁLIA RODRIGUES

Foi distinguida pelo Grémio Literário devido à venda de 250 000 exemplares do seu disco «Vou dar de beber à dor» a artista Amália Rodrigues. Ao acto da entrega do prémio assistiram muitas figuras ligadas aos meios artísticos nacionais.


(Noticias de Portugal - Edições 1351-1408 - 1973 - Página 47)

1982 - Edita o álbum "Fado" que atinge o 5º lugar do top de vendas de álbuns compilado pela revista "Música & Som".

1984 (Dezembro) - É editado "Amália na Broadway". O álbum atinge o 17º lugar do top oficial de vendas de álbuns compilado pelo GPPFV.

1985 (Julho) - "O Melhor de Amália - Estranha Forma de Vida" é uma compilação de 24 fados gravados por Amália Rodrigues. O disco esteve oito meses nos tops e vendeu mais de 100 mil exemplares tendo sido galardoado com o disco duplo de platina. Foi reeditado em CD dez anos depois.

1985 (Dezembro) - Na sequência do êxito de "O Melhor de Amália", é editado "O Melhor de Amália volume II - Tudo Isto é Fado", que ultrapassa as 50 mil cópias vendidas e atinge o 2º lugar do top oficial de vendas.

1988 - É editado o triplo-álbum "Coliseu 3 de Abril de 1987". Obtém o Disco de Ouro por vendas superiores a 20 mil cópias e atinge o 13º lugar dos tops.

1990 - "Rara e Inédita" atinge o 2º lugar.

1995 - É editada em CD a compilação "O Melhor de Amália - Estranha Forma de Vida". O disco atinge o 3º lugar e vende cerca de 25 mil exemplares.

1997 - O álbum "Segredo", com um conjunto de gravações inéditas realizadas entre 1965 e 1975, atinge o 3º lugar do top nacional de vendas e o galardão de disco de platina (40 mil cópias).

2009 - A compilação "Coração independente" entra para o Top.

domingo, 10 de abril de 2011

Publicidade - O factor televisivo

Publicitar edições discográficas na televisão é cada vez mais corrente. Mas enquanto uns pensam que já há demasiada publicidade, outros continuam a acreditar ser compensador.

«A avózinha sente-se segura» é uma das frases do anúncio do álbum «És Muita Linda», dos Ena Pá 2000, um dos muitos que este Natal têm direito a tempo de antena. De facto, nunca como agora o «éter» esteve tão inundado de publicidade a novas edições discográficas, um fenómeno que, se não é novo, foi este ano pelo menos alargado aos mais variados estilos de música e alvos potenciais.

Por isso mesmo, vale a pena tentar saber porque estão as editoras a dedicar as suas campanhas à televisão. Diz Xana, «label manager» da Warner Music, que tem estado a anunciar Madonna, Leandro e Leonardo, os Três Tenores e a a compilação «Rock Ballads»: «Este ano vejo tanta coisa que não quero nada. Mas ao mesmo tempo olho para o top nacional e só lá vejo o que tem campanha de televisão.» A Warner é o exemplo de uma das grandes multinacionais que tem vindo a apostar neste método de divulgação. Avançam com uma campanha deste género «quando vale a pena», porque «há discos que não é pela televisão que se vai».

Tiago Faden, «artists marketing director» da Sony, que tem estado a apostar nos novos lançamentos da Onda Choc, Fausto, Mariah Carey, a compilação do melhor de Sade, e a banda sonora de «Forrest Gump», por exemplo, acha que uma campanha «faz-se quando há um disco que o justifica ou que dela necessita», disco esse que se dirige a um consumidor que só decide comprar «quando o vê publicitado na televisão». Para Tiago Faden este é um tipo de consumidor («target») que «não está informado, não lê críticas e ouve pouca rádio».

As principais épocas de consumo musical são o Verão e o sobretudo o Natal; é então nessas épocas que a maior parte dos lançamentos das editoras, sobretudo das multinacionais, se concentram. Daí que seja mais provável encontrar um anúncio na televisão nessas alturas que noutras. Mas também há o tipo de discos cuja campanha de televisão não adianta nada. Segundo Tiago Faden, «são os discos com um `target' que está altamente informado».

Anunciar e os seus efeitos

Mas se as multinacionais, pela sua natureza mais viradas para edições de produtos de origem estrangeira, começaram a utilizar estes métodos publicitários há alguns anos, quem deu início à sua exploração foram precisamente as editoras nacionais independentes. Carlos Sousa, director da Vidisco, considera que a sua empresa é até pioneira no assunto: «Hoje todas as editoras grandes e pequenas fazem campanhas de televisão. Até as multinacionais, o que dantes não se via. Devem ter percebido que estávamos no caminho certo e devem ter adoptado o mesmo esquema.» Para Carlos Sousa, «tudo o que a Vidisco edita é porque aposta»; daí que façam campanhas de televisão para quase todos os seus discos. Considera «evidente existirem dois picos grandes -- o Verão, por causa dos imigrantes, e o Natal, a época onde tradicionalmente se vende mais».

Na opinião do director da Vidisco, vale a pena anunciar na televisão e a prova é que continuam a fazê-lo, mas não deixa de considerar que «o disco é um mercado difícil»: «Há aquelas coisas que se pensam que vão ser um sucesso e depois não são e vice-versa.» Contudo, um disco anunciado na televisão «geralmente tem vendas muito superiores». Toma como exemplo algumas das suas edições -- caso das compilações «Electricidade», «Top Star», «Dancemania» ou «Super Mix», que são sempre dupla, tripla e mesmo quádrupla platina.

Luís Serra, proprietário da Discossete, outra independente que regularmente anuncia na televisão (Quim Barreiros, Ena Pá 2000, por exemplo), observa: «O que se passa é que, quando um disco tem capacidades para vender, quando há uma apetência do público, a televisão vai fomentar as vendas, vai catalisar essas vendas. Mas, quando o disco não funciona, não funciona de maneira nenhuma, com ou sem televisão.» No entanto, afirma que,«para além das vendas em si, as campanhas representam uma certa afirmação da editora, em termos de `media', em termos de público, e isso também é importante»: «É uma imagem que também interessa vender; não é só o artista, é tudo o resto, a editora e os outros artistas que vêm a seguir.»

Já Filomena Cardinalli, promotora de outra independente, a Movieplay (que, nos últimos tempos, anunciou Dulce Pontes, Paulo de Carvalho, Paco Bandeira, Frei Hermano da Câmara ou Fernando Tordo), justifica o facto de fazerem campanha para a maior parte das suas edições não só porque em geral significa um aumento das vendas, mas também porque, como a Movieplay faz produções bastante caras, «acaba por compensar, se depois é preciso gastar mais alguns milhares de contos na campanha».

«Estupidamente caro»

Pedro Oliveira, «label manager» da BMG («Número 1», «França Romântica», Kenny G, Aerosmith), pensa «valer a pena» fazer campanhas mas «que cada vez mais tem de se ser selectivo». «É que -- considera --, apesar de existirem mais canais, não há mais espectadores, e tem de se dividir a campanha por mais canais.» A propósito da sua experiência na matéria, diz: «Quase todos os discos com que fazemos televisão são pelo menos discos de ouro, e isso é uma maneira de medir o sucesso; portanto, numa visão financeira, resulta.» Entende que o problema com as campanhas de televisão em Portugal é que é «estupidamente caro relativamente ao mercado» existente. E dá o exemplo de campanhas da MTV, que afirma serem «comparativamente muito mais baratas». «É cada vez menos acessível, mesmo com os descontos -- sem descontos então era impossível.»

Os descontos também existem noutros países, e Pedro Oliveira justifica-os para a campanha de um disco que «tem de se vender em dois meses», ao passo que qualquer outro produto «vende a longo prazo». Na RTC (para os canais públicos RTP e TV2) os descontos praticados são de 90 por cento relativamente a produtos portugueses e 30 por cento no caso de serem estrangeiros. Na SIC são de 50 por cento em todos os casos, por os discos constituírem um produto cultural, enquanto na TVI se dá um desconto de 70 por cento para as edições nacionais.

Considerando a diferença de taxas de desconto e de audiências, quais são os canais preferidos das editoras? A BMG escolhe «em função do disco e daquilo que julga que é a audiência-tipo de um determinado canal.» Por isso mesmo já fizeram «campanhas em todos os canais». Por seu lado, a Sony prefere -- relativamente aos discos portugueses -- o grande desconto que é possível encontrar no contrato exclusivo com os canais públicos (RTC). Relativamente à música internacional, tudo tem a «ver com o `target'». Se «o investimento por unidade vendida é viabilizado» no caso da música portuguesa, na música internacional não: «Está a atingir um valor que nos leva a pensar muitas vezes sobre uma campanha.»

Já a Warner, que não edita música portuguesa, e portanto não aufere descontos por essa via, selecciona os programas e os canais em função da audiência e do seu potencial interesse pelo disco em causa. Xana dá um exemplo: «Perguntámos a algumas pessoas quais os programas que os jovens viam mais e era tudo SIC e TVI; por isso, pusemos o `Rock Ballads' nos programas com audiências mais jovens».

Estratégia idêntica é a adoptada pela Vidisco, que lança campanhas em função da programação e do tipo de música, exemplificando com a edição recente de um disco do Papa João Paulo II, anunciado na TVI. Quem dá preferência ao Canal 1 -- e à RTP Internacional -- é a Movieplay, que diz optar pelos «horários nobres». Um caso semelhante ao da Discossete, que «tenta fazer os melhores negócios que pode»; daí que anuncie apenas na RTP porque, «dando o exclusivo», têm «compensações a nível de preços».

Jorge Dias / Público, 20/12/1994

- As ligações da Som Livre (mais tarde Iplay) com a SIC potenciaram o número de campanhas de publicidade no canal de Carnaxide. Com etiquetas como a Mega, Som Livre e Global discos verificou-se o aumento de vendas de discos anunciados na televisão.

- A editora Espacial não fazia parte da AFP. Alguns dos primeiros discos de Tony Carreira a entrar no top de vendas nacional ainda eram distribuidos pela Som Livre.

- A Farol era uma pequena editora ligada à Regiespectáculos. Depois de comprada pela Media Capital aumentou de dimensão e aproveitou as sinergias com a TVI inclusive com bandas saídas da série juvenil "Morangos Com Açucar".

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