sexta-feira, 23 de junho de 2017

Vendas de discos 1970


Mundo da canção nº 3 de Fevereiro de 1970


Ainda de notar o "Top mc" com os discos mais vendidos nas discotecas do Porto, nos LP estava "Suzie Q" dos Creedence Clearwater Revival (estranho! seria uma colectânea que nos passou ao lado?) e nos Singles "Baby, I Couldn't See" dos The Foundations.


Lojas Porto

Arnaldo Trindade, Discos Rapsódia, Discoteca Santo António, Discovisão, Electrovisão, Foto-Eléctrica e Vadeca

Singles e EP's

1 - Baby I Couldn't See - Foundations
2 - Lady Mary - David Alexander Winter
3 - Petit Bonheur - Adamo
4 - Pedra Filosofal - Manuel Freire
5 - Day Dream - Wallace Collection

LP

1 - Suzie Q - Creedence Clearwater Revival
2 - Contos Velhos, Rumos Novos - José Afonso


Mundo da canção nº 4, 1970

Lojas Porto

Arnaldo Trindade, Discos Rapsódia, Discoteca Santo António, Discovisão, Electrovisão, Foto-Eléctrica e Vadeca, Clave

Singles e EP's

1 - Wight Is Wight - Michel Delpech
2 - Let It Be - The Beatles
3 - Venus - The Shocking Blue
4 - Pedra Filosofal - Manuel Freire
5 - Baby I Couldn't See - Foundations

LP

não é publicada porque as vendas não atingem um mínimo exigível

terça-feira, 20 de junho de 2017

1999 - À espera do sonho pop





AS GRANDES editoras de música em Portugal não disfarçam o pesadelo do batalhão de novas ameaças à indústria discográfica mas relativizam a sua importância, mesmo para justificar a expectativa de um decréscimo de vendas este ano. Essas ameaças vêm pela Internet (onde navegam programas gratuitos para descarregar ficheiros MP3, formato que permite armazenar som num computador à custa de muito pouco espaço e sem perder qualidade ou onde habitam empresas como a StarGig.com, que se propõe difundir gratuitamente música); essas ameaças espreitam nas lojas na forma de CDR, um CD que custa à volta de 300 escudos, ideal para fazer cópias; insinuam-se discretamente (devido ao custo, cerca de 50 mil escudos) em aparelhos semelhantes a um «walkman» capaz de armazenar 60 minutos de música em formato MP3 (caso do Rio, lançado pela empresa Diamond Multimédia ou do Yepp, da Samsung).
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Por que havemos de comprar um CD por três mil escudos quando ele pode ser ouvido sem custo e armazenado apenas com algum investimento inicial? É verdade que muitos dos «sites» do ciberespaço praticam a pirataria ao permitir acesso integral a obras protegidas por direito de autor, facto a que as grandes multinacionais responderam com uma iniciativa (Secure Digital Music Iniciative), para evitar que a duplicação se faça sem o pagamento dos direitos. Mas o que é obstáculo para a indústria, constitui um admirável mundo para o consumidor: possuir sem pagar. Pode discutir-se até que ponto isso é viável, justo ou mesmo um chamariz temporariamente incontrolável, mas a incomodidade que tais obstáculos possam produzir conduzem a outro efeito: ao penalizar as grandes companhias, obrigam ao seu reposicionamento e questionam o que elas andam realmente a fazer pela música. A aposta na capacidade das empresas em termos de promoção e «marketing» de artistas para fazer face a essas ameaças é um traço comum dos depoimentos recolhidos pelo EXPRESSO junto de algumas das «majors» em Portugal. «É legítimo que artistas queiram colocar o seu disco na Internet, ser conhecidos. Mas não têm máquina de promoção para o primeiro trabalho. E há uma regra de ouro nunca quebrada neste negócio: em cada 100 discos postos à venda, só 20 são rentáveis», diz Carlos Pinto, administrador da Sony Music.

Esta ideia é retomada pelo responsável da BMG, Marcos Jucá, para realçar a importância do mercado local: «É um facto que a comercialização da música vai mudar. As empresas que não desenvolverem a música dos países onde estão implantadas vão simplesmente desaparecer.» Para a BMG, isso significa, no entanto, ter menos artistas mas mais bem trabalhados. «A comunicação está dispersa, tem de se tornar mais planeada. Queremos representar um máximo de 12 artistas nacionais.» Eles vão ter à disposição uma máquina de «marketing» oleada, que é a diferença substancial de lançarem os seus trabalhos directamente na Internet, juntamente com milhares de outros concorrentes: «O trabalho de imagem faz a diferença e não é toda a gente que o consegue fazer», afirma Marcos Jucá. Coloca-se a questão de saber que artistas vão ser beneficiados com a prospecção do mercado, até porque o director da BMG não esconde as prioridades da multinacional, igual à de todas as multinacionais: «Vai para os artistas internacionais, que originam grandes investimentos e têm de ter retorno dos gastos. Temos um repertório de música anglo-saxónica bastante desenvolvido em Portugal. É por isso que o mercado nacional pode crescer.» Rommel Marques, director de «marketing» da BMG, que ocupou um cargo directivo nesta «major» no Brasil, diz que Portugal lhe «lembra o que se passava no Brasil há 15 anos, em que o repertório internacional era 75% e o nacional representava 25%».

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Carlos Pinto analisa com apreensão novos desafios para as editoras. «Há dados assustadores sobre o CDR. Em França, aponta-se para a venda de 80 milhões de CDR num mercado de 100 milhões de CD. Os discos saem e são copiados em série. Em Portugal, existe uma mentalidade de aldrabice superior ao nível europeu. Os piratas estão a reciclar-se para as novas tecnologias.» Quanto ao MP3, uma das duas palavras mais usadas na Internet (a outra é sexo) refere que «é algo que a indústria não pode ignorar», sobretudo se tivermos em conta que haverá 327 milhões de utilizadores da Internet em 2000, um pouco mais do dobro do que em 98. Obviamente, as multinacionais não estão distraídas: a Sony e a Warner tinham já anunciado uma associação para vendas de discos «on-line» e a EMI tinha adquirido 50% de uma companhia que se dedica a fazer compilações personalizadas de CD para vender na Internet. «Vivemos um período de agitação e de confusão de conceitos, em que o oportunismo dará lugar à regulamentação do acesso aos bens», diz Carlos Pinto.

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Sobre a «crise» interna, é taxativo: «O mercado cresceu muito em relação ao de países europeus pelo que qualquer abrandamento se reflecte. Há razões para, em Portugal, isso se acentuar. Há uma pressão enorme sobre o consumidor em termos de crédito - nunca foi tão forte - incitando a comprar tudo. Há, também, razões de oportunidade. Este ano não apareceu um disco que motivasse a afluência às lojas. No ano passado, vários ultrapassaram os 100 mil exemplares vendidos, este ano todos vão ficar muito longe.»
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Francisco Vasconcelos, administrador da Valentim de Carvalho (que contará 25 lojas no país quando abrir a «megastore» do Chiado) prefere falar de uma «pequena turbulência sem fundamento estrutural». Segundo refere, o mercado caiu «um pouco no primeiro trimestre de 99, mas isso foi disfarçado com os 'stocks' de discos colocados numa feira organizada pela Sonae, no Continente. Como a feira correu abaixo das expectativas, a queda foi agravada no segundo trimestre, com a devolução de parte desses discos.» Vasconcelos acredita que este tipo de feiras «é uma ameaça» para a indústria e que esta representou um «rombo no mercado», mas não esquece o papel positivo dos hipermercados na venda de discos a consumidores ocasionais. Com uma condição: «Os primeiros 10 mil discos têm de ser vendidos nas lojas, permitem o lançamento de novos artistas. A partir daí, é sabido, a nossa quota de mercado desce, a dos hipermercados sobe. Eles nunca teriam comprado Diana Krall, se nós não tivéssemos vendido milhares de exemplares antes.»

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Este responsável destaca a existência de «uma crise mundial de repertório», muito por causa do processo de concentração em que se viram envolvidas as editoras Polygram, MCA e EMI, que juntas representam 44 por cento do mercado mundial. «Elas cresceram demais e não são criativas. Este é um período bom para as companhias independentes. Se tiverem oito a dez por cento do mercado será muito interessante: não terão a relação descartável das multinacionais e vão permitir que criativos voltem ao mercado.» Segundo referem os responsáveis da BMG - que detinha 8,8% do mercado nacional em 98 - é improvável o lançamento de mais do que um artista nacional por mês. Eles referem mesmo que há artistas a mais e mercado a menos. Uma dimensão de eventuais dificuldades de editoras pode ser dada pela declaração de que gostariam de ver «incentivos do Estado à promoção da música portuguesa, porque o mercado tem de ser apoiado para crescer» - podiam tomar a forma de benefícios fiscais, «como aconteceu no Brasil, onde o investimento em artistas locais era dedutível nos impostos até 70 por cento.» A direcção da BMG refere, ainda, a importância de programas de TV como «Roda dos Milhões» e «Herman 99», que têm «dois ou três momentos de pausas musicais arduamente disputados pelas editoras.»

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As intenções das multinacionais levantam dúvidas a Francisco Vasconcelos: «Em Portugal, o que lhes interessa é fomentar artistas como Madredeus. Mas ter os Cool Hipnoise já não faz sentido, a não ser para os transformar em Madredeus. Por acaso, as 'majors' andam no mercado à procura de artistas que vendem dois a três mil discos? Ser artista em Portugal não é muito agradável.»

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José Luís Miguel, gerente da Loja da Música, refere outras preocupações do comércio a retalho: «Estamos a vender CD mais baratos do que há cinco anos, e, neste período, as margens de lucro desceram imenso.» A Loja da Música possui sete lojas (um milhão de contos de facturação em 98) e vai abrir mais três em Outubro: «Temos de continuar a crescer porque isso significa poder negocial face às editoras. Mas, muitas vezes, trata-se de uma fuga para a frente.» Segundo refere, uma novidade custava mais 300 a 400 escudos há cinco anos e os preços do fundo de catálogo desceram. Esta quebra, cuja razão pode ser encontrada na abertura de sucessivos postos de venda, nada tem a ver com a descida de vendas das editoras. «Reflecte que as vendas não eram reais, mas impulsionadas por espaços que abrem constantemente e que necessitam de 'stocks'.» Segundo Francisco Vasconcelos, é ponto assente que retalho e editoras estão a ressentir-se da falta de grandes novidades no meio musical. «Está tudo à espera do sonho pop. Estou convencido que o negócio dos discos voltará aos bons tempos, um pouco à custa das 'majors'. Venham as empresas de média dimensão.»

ANTÓNIO HENRIQUES, Expresso, 17/09/1999

No primeiro trimestre de 99, a indústria facturou 4,5 milhões de contos, mas fala-se de crise

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