Alguns Álbuns em destaque
Coro dos Tribunais - José Afonso
À Queima Roupa - Sérgio Godinho
The Lamb Lies Down on Broadway
Supertramp
Rick Wakeman
++
Alguns Singles em destaque
Quadras Populares - Green Windows
O Facho - Paulo de Carvalho
Fado de Alcoentre - Fernando Tordo
O Que Faz Falta - José Afonso
Grândola Vila Morena - José Afonso
Perdoname - Demis Roussos
Quieres Ser Mi Amante? - Camilo Sesto
Recuerdos - Juan Pardo
Take My Heart - Jacky James
++
As listas dos discos mais vendidos refletiam a separação entre os
consumidores de singles (vinil de 45 rotações, com uma canção de cada
lado) e de álbuns (de 33 rotações, também chamados LP, muito mais
caros). O elitista top 10 dos álbuns mais vendidos chegou a ser
encabeçado por The Lamb Lies Down on Broadway, dos Genesis, que tinha
sido apresentado ao vivo em Cascais em dois concertos memoráveis, a 5 e 6
de março daquele ano. «Nunca em Portugal se vira rock de tanta
qualidade», segundo o crítico (e músico) Mário Contumélias, no Século
Ilustrado. Ou sessões de «tortura voluntária», para o repórter do Diário
de Notícias. A lista incluía ainda os Supertramp, Rick Wakeman, José
Afonso ou Sérgio Godinho.
No mercado dos singles, esse sim
representativo do gosto das «massas populares», as preferências ao longo
dos meses de verão começaram por dividir-se entre Camilo Sesto, com
Quieres Ser Mi Amante?, Jacky James, Take My Heart; Paulo de Carvalho, O
Facho, e Zeca Afonso, Grândola Vila Morena.
Com o passar das semanas, a música nacional foi sendo varrida do hit parade. O público
consagrava
Demis Roussos (Perdoname), Juan Pardo (Recuerdos) e Camilo Sesto. O
crítico musical da revista Tele Semana, José Niza – autor de canções
vencedoras de festivais da RTP e deputado à Assembleia Constituinte pelo
PS –, atribuiu o facto à «rejeição provocada pelo autêntico massacre
sonoro a que a rádio e a TV submeteram os ouvidos dos portugueses no
pós-25 de Abril».
João Ferreira, Notícias Magazine, 27/07/2015
Artigo de opinião de José Niza na Tele Semana (1975):
Para os leitores da Tele Semana que costumam dar uma olhadela à página 68, onde se referem os discos e os livros mais vendidos em cada semana que passa, o que vou dizer não é novidade.
A ter em conta a fidelidade das informações sobre a procura do púbico em relação aos discos que vão sendo postos à venda, há praticamente dois meses e meio que, dentre os 10 mais procurados, NÃO SURGE UM ÚNICO QUE SEJA PORTUGUÊS!
Isto, sendo um drama, é também um sintoma. Voltemos, no entanto, um pouco atrás.
Nessa mesma secção da Tele Semana (Discos e Livros), que se não erro se iniciou em princípios de Julho passado, passaram alguns êxitos e alguns nomes conhecidos da nossa música.
Em Lp's os discos mais procurados do público foram, como seria de esperar, de José Afonso e de Sérgio Godinho. "Coro dos Tribunais" e "À queima Roupa", respectivamente.
Em singles os nomes, mais frequentes no "top" da TS foram, por ordem decrescente, os "Green Windows", com "Quadras Populares"; Paulo de Carvalho, com "O Facho". Fernando Tordo, com "Fado de Alcoentre" e de novo José Afonso com "O que faz falta" e "Grândola".
Simplesmente, como vos disse, tudo isto acabou há perto de dois meses e meio.
E acabou PORQUÊ? Porque é que as canções portuguesas deixaram de ser procuradas pelo público, que deslocou as suas atenções para outro tipo de música, música essa que já se fazia antes do 25 de Abril e que se ouve nas vozes de um Demis Roussos, de um Camilo Sesto e de um Juan Pardo, todos eles produtos e exemplos comerciais do que pior se faz quer em Espanha, quer na Europa?
Tenho para mim que, se em canção também se pode dizer que há uma "esquerda" e uma "direita", a viragem que a mudança das preferências do público demonstra, corresponde a dois fenómenos:
1º. A rejeição provocada pelo autêntico massacre sonoro a que a rádio e a TV submeteu os ouvidos dos portugueses no post-25 do Abril, em que foi Cometido o erro de se julgar que a revolução, se decidiria através da música e em que se pensou mais em destruir os símbolos, do que em criar, algo de novo e verdadeiramente revolucionário, que os substituísse. Através de "Cantos Livres" que primaram pela desafinação, pelo improviso e pela desorganização, enfim, pela ausência Completa de qualquer estética revolucionária.
Através de uma destruição, em discotecas, de tudo o que não era "revolucionário". Através de decisões precipitadas e "revolucionárias", etc. etc. Isto é, através de uma enormidade de erros históricos de palmatória e de um fenómeno de todos quererem ser mais "revolucionários" que o vizinho (exceptuam-se, logicamente, aqueles que não tinham culpas no cartório e não necessitavam, por isso, de se auto-recuperar). Através de tudo isto, conseguiu-se apenas o seguinte: a rejeição, em bloco, de tudo o que à música revolucionária ou não.
2º. A falta de imaginação-criadora dos verdadeiros autores e intérpretes revolucionários, os quais, talvez por mobilização para outras tarefas, saíram do seu campo habitual deixando um vazio que, rapidamente, o oportunismo ocupou. Este fenómeno, aliás verificou-se noutros domínios da criação artística, que não só na canção.
Perguntar-se-á: E agora?
Agora? Agora, o que há que fazer, é, para além da auto-critica que se impôe, da análise que se impôe, construir com senso e realismo aquilo que define (ou não) uma revolução nacionalista.
Agora o que se impõe — e urgentemente - é ter a lucidez e a coragem de reconhecer os enormes erros, cometidos E fazer finalmente, neste pais, uma revolução.
Porque é urgente.
Porque é necessário.
Por que a História, não se compadece com "revolucionários estúpidos"!
P.S. Para além do mais, quando os 10 discos mais vendidos são TODOS ESTRANGEIROS - e numa altura em que, mais do que nunca, há que reduzir a saída de divisas – quem pode dar-se ao luxo de ir comprar lá fora o que pode fazer-se cá dentro, estando ao mesmo tempo a dar continuação à alienação marcelo-salazarista do povo e a colocar os músicos portugueses no desemprego?
José Niza, Tele Semana, Novembro de 1975
Ivan Henry Hancock foi um dos nomes que em
1975 trouxe o grupo Genesis a Cascais. Pouco tempo depois passou a ser o
coordenador da tabela TOP 20 com a classificação dos discos mais vendidos
em Portugal e que era feita em cooperação com algumas das discotecas
mais representativas de todo o país. Em 1977 passou a ser feita para a revista Música & Som.
uma cotação em função da procura, se não classifica discos, classifica o público comprador - A Mosca, 03/05/1969
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2 comentários:
I want more information for this year.
o deputado socialista e compositor José Niza constatava que nos últimos dois meses e meio não tinha surgido nenhum disco português. Meio ano antes, em Abril, a pergunta de Camilo Sesto – Quieres ser mi amante? – motivava muito mais as portuguesas e os portugueses do que o canto livre.
No Top 20 deste número de Abril da revista Mundo da Canção, além de Camilo Sesto, que figurava em 1º lugar, e de Demis Roussos, em 2º e 3º, apenas um intérprete português integrava os dez primeiros: o hoje ignorado Ruy Moura Guedes, autor de Para Hoje. Mais abaixo na tabela, em 13º e 18º lugares, aparecia a Banda do Casaco.
Nesta mesma lista dos Top 20, surgia em 10º lugar The Lamb Lies Down on Broadway, dos Genesis, um conjunto que tinha actuado em Portugal no mês anterior, a 6 e 7 de Março de 1975, no Pavilhão do Dramático de Cascais. http://observador.pt/especiais/quando-a-noite-caia-o-prec-renascia/
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