segunda-feira, 24 de maio de 2021

Discos de ouro e platina na era digital

Brilham mas não tocam: afinal, o que significam os discos de ouro e platina na era digital?

Ouros, platinas, duplas platinas, triplas platinas. Há álbuns e singles que brilham mais que outros, uns em vinil, outros em CD e, mais recentemente, em formato digital. Por isso mesmo, a indústria tem que estar em constante actualização no que diz respeito aos parâmetros de atribuição destes “galardões”. Em Portugal, quem controla a atribuição dos títulos mais ambicionados é a Audiogest em associação com a Associação Fonográfica Portuguesa (AFP). Mas que metas são precisas alcançar para receber um destes selos de certificação global?

- O que é preciso fazer para se ter um disco de ouro?

Primeiro há que perceber o que é um disco de ouro e o que significa, por isso é também importante perceber a distinção que existe entre álbuns e singles. Por uma questão prática, comecemos pelos singles. 

Como explica Miguel Carretas, director-geral da Audiogest, “de forma geral, já não se vendem singles em unidades físicas”, por isso mesmo estes são contabilizados unicamente em unidades digitais. Recebe o disco de ouro o single que vender 5.000 downloads. “Mas o download é o formato que está em maior queda, não é o vinil nem o CD”, e por isso a indústria tem que contabilizar o formato que, pelo contrário, está em maior crescimento – o streaming. Nestas plataformas (mas só naquelas “sujeitas a licenciamento e monitorizadas em Portugal”) contabiliza-se um download a cada 250 audições. Pode parecer rebuscado equiparar um download a 250 streams de uma música, mas isso é porque a contabilização tem que contemplar o formato álbum, que incluí mais do que uma ou duas músicas.

Recapitulando: para que um single seja celebrado com o disco de ouro, ele precisa de angariar 5.000 downloads ou 1.250.000 streams, ou uma combinação proporcional de ambos. 

- E uma platina? 

Pondo de forma simples, a platina é o dobro do ouro. E isto funciona para singles e álbuns. No caso que já conhecemos, o dos singles, a platina é alcançada aos 10.000 downloads ou 2.500.000 audições. A dupla platina alcançada aos 15.000 downloads ou aos 3.750.000 streams, e por aí em diante para a tripla, quarta e quíntupla platina… 

Singles

Downloads Streams

Ouro 5.000 1.250.000

Platina 10.000 2.500.000

2x Platina 20.000 5.000.000

- E como funciona para um álbum?

Para os álbuns a lógica é a mesma, mas os números diferem no que toca à atribuição deste tipo de galardões, embora o método de cálculo também seja diferente, mas a isso já lá vamos. O disco de ouro é atribuído aos álbuns que vendam 7.500 unidades. No formato digital, a venda de um álbum equivale a 10 downloads, sendo que um download corresponde a 250 streams. Confuso? 

Álbuns

Físico Downloads Streams

Ouro 7.500 75.000 18.750.000

Platina 15.000 150.000 37.500.000

2x Platina 30.000 300.000 75.000.000

Por trás desta lógica está o pensamento de que quem compra um álbum ouve-o mais do que uma vez. Mas quantas, ao certo, isso ninguém sabe. Por isso mesmo é que a indústria definiu os parâmetros em 250 audições, não do álbum total, mas de qualquer faixa. 

Convém também referir que as vendas e audições atribuídas a um single transitam depois para o álbum, facilitando a obtenção do galardão mediante cumpra ou não os outros requisitos. De qualquer forma, é sempre um avanço.

Quanto ao método utilizado, o homem forte da Audiogest e cérebro dos Prémios PLAY admite que a fórmula de cálculo “é discutível”, mas acrescenta que “a maioria dos países segue um formato idêntico ao de Portugal”.

- E a quem é atribuído o galardão?

O que Miguel Carretas nos explica é que estes prémios são atribuídos “a quem detém os direitos sobre a gravação”. No mercado tradicional “o galardão não é entregue ao artista, mas sim à editora e distribuidora. O que acontece cada vez mais é que tens artistas autoeditados e autodistribuídos”. Nesses casos, o galardão é atribuído ao artista, mas apenas se este for associado da Audiogest.

Ainda assim, Portugal é um mercado pequeno e, por isso mesmo, as coisas funcionam de forma um pouco diferente. É o que nos explica o CEO da RedMojo, Emerson Ferreira quando diz que “em Portugal não há a cultura das placas como há lá fora”.

“Por norma, as editoras é que entregam um disco de ouro físico aos artistas [sendo que Audiogest e a AFP auditam os números e nomeiam o trabalho como merecedor da placa]. Lá fora os discos são entregues a toda a equipa envolvida. Obviamente que, sobretudo nos dias de hoje, chegas a ter 20 pessoas envolvidas num single, e torna-se dispendioso de mais dar uma placa a cada um. Normalmente a label dá as placas aos intérpretes e muitas vezes também aos produtores”.

(...)

Virgul ainda se lembra da primeira placa que recebeu, na altura pelos Da Weasel com o álbum Re-Definições, que chegou a alcançar a tripla platina. “Lembro-me que a sensação foi exatamente a mesma, nunca tivemos essa coisa dos números. Se calhar, esta nova geração dará muito mais importância porque já cresceram enquanto artistas a valorizar coisas como o número de visualizações no YouTube. Mas, na verdade, nós ficámos felizes por a nossa música chegar a tanta gente, mas não pelo feito em si”.

Uma placa não define o valor da obra nem do artista, mas é um indicador de onde estão a chegar e com que força. Os músicos, as agências e editoras perceberam isso e vão-se fazendo ver nas redes sociais, como podem ver nas partilhas recentes de Regula e Dillaz, da Bridgetown ou de Piruka.

João Daniel Marques, Rimas E Batidas, 04/02/2021

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