terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mercado português em aflição

Dinheiro Vivo
Grandes superfícies encomendam cada vez menos CD às editoras e receitas continuam a cair

Vendem-se cada vez menos CD

A Associação Fonográfica Portuguesa (AFP) ainda não divulgou os números oficiais de venda de música em 2012, mas a expectativa é de mais uma quebra significativa. Nos últimos anos, as vendas caem a um ritmo de 20% a 30% por ano e desde 2009 as receitas recuaram para quase metade.

"O mercado português ainda está muito dependente dos formatos tradicionais e enquanto não reverter esta tendência continuará a cair", indica Francisco Vasconcelos, administrador das Edições Valentim de Carvalho. "Infelizmente as lojas de música têm vindo a desaparecer e os CDs são cada vez mais consumidos em lojas multiproduto ou supermercados", frisa o responsável.

Armando Cerqueira, dono da editora Edisco, traça um cenário negro. "O mercado vem a cair todos os anos, os mercados tradicionais das editoras, as lojas de especialidade nas cidades estão praticamente extintas, sobrando somente as grandes superfícies, que devido a quedas enormes e consecutivas de vendas, cada vez menos apostam no produto", explica ao Dinheiro Vivo.

É o mesmo cenário que se vive na Vidisco, editora histórica do mercado português. "Vemos que as grandes superfícies compram menos 50% do que compravam há uns anos", revela fonte da editora. "Tentamos fazer acordos contratuais", indica, para minimizar o impacto da redução da procura.

Um dos problemas do mercado português é que a venda de CD nas lojas cai e não é compensada pelo aumento das vendas em plataformas digitais, ao contrário do que acontece na maioria dos mercados europeus. Enquanto a média de crescimento da venda digital na Europa é de 380% ao ano, em Portugal foi pouco mais de 54% em 2011.

A Edisco nem sequer tem a música à venda online. "Nós não trabalhamos com plataformas digitais pois o nosso público alvo não as utiliza", comenta Armando Cerqueira. "As vendas estão muito baixas mesmo."

O administrador da Valentim de Carvalho {agora associada à Iplay} sublinha que "O mercado digital no nosso país continua incipiente e as recentes decisões do Ministério  Público, que objetivamente protegem a pirataria, não vêm ajudar a criar um verdadeiro mercado digital. Francisco Vasconcelos refere que a editora aguarda "com expectativa o aparecimento de plataformas de streaming, como o Spotify e o Deezer, a criação da plataforma portuguesa do YouTube e a entrada do Google Play."

Na última década, segundo as contas da AFP, as receitas da indústria musical caíram 80%. "Está claramente em causa a sobrevivência" da indústria musical portuguesa, considera o presidente da AFP, Eduardo Simões.

Por Ana Rita Guerra / Dinheiro Vivo,  04/02/2013

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